Naftalina
Sua casa agora é naftalina
Tem naftalina em toda a casa
Em toda a casa, naftalina
Naftalina nas gavetas, no balde, no canto
No armário, na escrivaninha, debaixo do santo
Naftalina no baú e no balde... de lixo
Lixo da cozinha, lixo do banheiro, lixo do quintal
Naftalina em tudo o que é de plástico, de pano, de pau
Naftalina, naftalina
Sua casa cheira a naftalina
Sua roupa cheira a naftalina
Vai afugentar as baratas
As mariposas também
E as aranhas, as lacraias
Todas elas pro além
Naftalina no armazém
Naftalina
Seu mundo cheira a naftalina
Sua vida cheira a naftalina
Tem naftalina em todo canto
Embaixo da cama, da cômoda
E embaixo do sofá, naftalina é o que há
E tudo cheira a naftalina
A parede, o teto, o chão
Seu travesseiro, seu lençol, seu colchão
Naftalina
Seu mundo agora é naftalina
Tudo cheira a naftalina
Naftalina, insulina, nitroglicerina
Arthur M. Vargens
sábado, 5 de setembro de 2009
sábado, 22 de agosto de 2009
Em tempo presente
Agora cantarei ao anoitecer
porque os suspiros da noite são os aspiros do próximo dia.
Fugirei para a vida ao anoitecer,
para a paisagem que já criei,
mas que não há em matéria...
ainda...
que não há, também, na realidade de meus companheiros de mundo, de vida, de existência.
Estes, certamente diriam que estou caduco,
me entupiriam de entorpecentes,
me acorrentariam,
veriam em mim o perigo, o inimigo.
Não!
Cantarei ao anoitecer.
Porque a noite espera um novo dia.
Porque as esperanças que são minhas
aguardam um novo dia
para viajarem por outra via.
Arthur M. Vargens
porque os suspiros da noite são os aspiros do próximo dia.
Fugirei para a vida ao anoitecer,
para a paisagem que já criei,
mas que não há em matéria...
ainda...
que não há, também, na realidade de meus companheiros de mundo, de vida, de existência.
Estes, certamente diriam que estou caduco,
me entupiriam de entorpecentes,
me acorrentariam,
veriam em mim o perigo, o inimigo.
Não!
Cantarei ao anoitecer.
Porque a noite espera um novo dia.
Porque as esperanças que são minhas
aguardam um novo dia
para viajarem por outra via.
Arthur M. Vargens
Pois é, Borat...
Olhar pra frente e ver atrás
Washington, London, La Paz
Bahia, Acre, Minas Gerais
Que diferença faz?
Austrália, Europa
Sudeste, Nordeste
Tudo a mesma peste
É tudo igual
Na zona urbana ou na rural
São Paulo, Recife, Natal
No Distrito Federal
Tudo igual
Dá no mesmo a capital
Dá no mesmo o interior
Itabuna, Salvador
Seja lá onde for
Tanto faz se é ali na esquina
Tanto faz se é lá na China
Dá no mesmo, tanto faz
Olhar pra frente e ver atrás
Arthur M. Vargens
Washington, London, La Paz
Bahia, Acre, Minas Gerais
Que diferença faz?
Austrália, Europa
Sudeste, Nordeste
Tudo a mesma peste
É tudo igual
Na zona urbana ou na rural
São Paulo, Recife, Natal
No Distrito Federal
Tudo igual
Dá no mesmo a capital
Dá no mesmo o interior
Itabuna, Salvador
Seja lá onde for
Tanto faz se é ali na esquina
Tanto faz se é lá na China
Dá no mesmo, tanto faz
Olhar pra frente e ver atrás
Arthur M. Vargens
terça-feira, 2 de junho de 2009
Científico
Desenhei um ponto de interrogação na areia da praia
As nuvens desenharam no céu, eu vi
Desenhei no coqueiro e no coco
No copo que eu bebi
Fiz um ponto de interrogação em mim
Em minha testa, em minha boca
Em minha barriga, em minhas costas
Em minha pica, em minha bunda
Em meus pés, na sola, no dedo, na unha
Botei um ponto de interrogação em minha casa
Na frente e nos fundos
Em meu teto, em meu chão, nas paredes, no colchão
Na janela, na porta, pia, vaso e chuveiro
No quintal, na sala, no banheiro
Vários pontos de interrogação no meu espelho
Risquei um ponto de interrogação em tudo
No céu, no mar, nas árvores
Na pedra, na terra, no vidro, no ferro
Desenhei no ar
E cada ponto que desenhei
Ainda hoje eu vejo lá
Arthur M. Vargens
As nuvens desenharam no céu, eu vi
Desenhei no coqueiro e no coco
No copo que eu bebi
Fiz um ponto de interrogação em mim
Em minha testa, em minha boca
Em minha barriga, em minhas costas
Em minha pica, em minha bunda
Em meus pés, na sola, no dedo, na unha
Botei um ponto de interrogação em minha casa
Na frente e nos fundos
Em meu teto, em meu chão, nas paredes, no colchão
Na janela, na porta, pia, vaso e chuveiro
No quintal, na sala, no banheiro
Vários pontos de interrogação no meu espelho
Risquei um ponto de interrogação em tudo
No céu, no mar, nas árvores
Na pedra, na terra, no vidro, no ferro
Desenhei no ar
E cada ponto que desenhei
Ainda hoje eu vejo lá
Arthur M. Vargens
segunda-feira, 1 de junho de 2009
Pereba
a Rejane, do lado de cá do espelho
Eu tenho uma doença
Você também
Um verme, um germe que dá em alguém
Uma bactéria venérea que se pega no ar
Pega de estar perto, só de respirar
Vem do lugar ou do parto, na maternidade
Vem do ar ou do mar
Vem dos fatos, na eternidade
Sinto frio, um calafrio
Quero vomitar
Me dói a garganta
Me sufoca, me esgota
Dói o estômago
Dói o pulmão
Dói cada nervo ou veia irrigando coração
Dói... Dói... Dói...
Vem da poeira da rua
Da poeira dos livros
Vem da poeira de casa ou dos cromossomos
Não sei bem de onde vem essa doença de ser quem nós somos
Eu tenho um vírus
Você também
O pior que já habitou em alguém
Arthur M. Vargens
Eu tenho uma doença
Você também
Um verme, um germe que dá em alguém
Uma bactéria venérea que se pega no ar
Pega de estar perto, só de respirar
Vem do lugar ou do parto, na maternidade
Vem do ar ou do mar
Vem dos fatos, na eternidade
Sinto frio, um calafrio
Quero vomitar
Me dói a garganta
Me sufoca, me esgota
Dói o estômago
Dói o pulmão
Dói cada nervo ou veia irrigando coração
Dói... Dói... Dói...
Vem da poeira da rua
Da poeira dos livros
Vem da poeira de casa ou dos cromossomos
Não sei bem de onde vem essa doença de ser quem nós somos
Eu tenho um vírus
Você também
O pior que já habitou em alguém
Arthur M. Vargens
quarta-feira, 20 de maio de 2009
Pulsão thanática
Agora nada mais vejo
Nada mais ouço
Nada mais penso
Nada mais toco
Nada mais cheiro
Nada mais sinto
Não há mais frio ou calor
Não há mais prazer ou dor
Não há mais tristeza ou alegria
Não há mais noite ou dia
Não há mais meta ou feito
Não há mais esquerdo ou direito
Não há mais desperdício ou proveito
Não há mais mole ou duro
Não há mais claro ou escuro
Não há mais derrota ou vitória
Não carrego mais memória
Nada mais é reto, nem torto
Tudo acabou
Estou morto
Arthur M. Vargens
Nada mais ouço
Nada mais penso
Nada mais toco
Nada mais cheiro
Nada mais sinto
Não há mais frio ou calor
Não há mais prazer ou dor
Não há mais tristeza ou alegria
Não há mais noite ou dia
Não há mais meta ou feito
Não há mais esquerdo ou direito
Não há mais desperdício ou proveito
Não há mais mole ou duro
Não há mais claro ou escuro
Não há mais derrota ou vitória
Não carrego mais memória
Nada mais é reto, nem torto
Tudo acabou
Estou morto
Arthur M. Vargens
sexta-feira, 15 de maio de 2009
Sociedade
Pensamos com o mesmo cérebro
Andamos com as mesmas pernas
Sentamos com a mesma bunda
Enxergamos com os mesmos olhos
Ouvimos com os mesmos ouvidos
Pisamos com os mesmos pés
Tocamos com a mesma pele
Apontamos com o mesmo dedo
Seguramos com as mesmas mãos
Sentimos com a mesma alma
Beijamos com os mesmos lábios
Degustamos com a mesma língua
Mastigamos com os mesmos dentes
Engolimos com a mesma garganta
Digerimos com o mesmo estômago
Cagamos com o mesmo cu
Arthur M. Vargens
Andamos com as mesmas pernas
Sentamos com a mesma bunda
Enxergamos com os mesmos olhos
Ouvimos com os mesmos ouvidos
Pisamos com os mesmos pés
Tocamos com a mesma pele
Apontamos com o mesmo dedo
Seguramos com as mesmas mãos
Sentimos com a mesma alma
Beijamos com os mesmos lábios
Degustamos com a mesma língua
Mastigamos com os mesmos dentes
Engolimos com a mesma garganta
Digerimos com o mesmo estômago
Cagamos com o mesmo cu
Arthur M. Vargens
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